Setor de etanol de milho vai dobrar a capacidade mesmo com queda na demanda
A pandemia e a queda no preço do petróleo pegaram o setor de etanol de milho no contrapé. A Unem, a associação do setor, espera a entrega de mais três grandes usinas este ano no Mato Grosso, além de uma outra já inaugurada em março.
Mesmo com a queda brusca na demanda, que chega a 30%, a capacidade instalada vai fechar o ano em 3 bilhões de litros, quase o dobro dos 1,7 bilhão do fim de 2019. O investimento nessas novas usinas, que começou há dois anos, não deve parar agora. Mas os novos planos estão em suspenso.
Nos EUA, metade das usinas está parada. Aqui no Brasil, o presidente da Unem, Guilherme Nolasco, não faz previsões sobre o consumo de etanol. Mas conta que as usinas que usam milho têm algumas opções para enfrentar a crise. O etanol feito com o cereal responde por 5? oferta do combustível no Brasil.
Diferentemente do que acontece nos EUA, há pouco milho disponível no mercado brasileiro. O país exportou muito nos últimos meses. O preço caiu em dólares na Bolsa de Chicago, mas aqui no país o cereal está 33% mais caro do que há um ano. Os usineiros fecharam a compra da matéria-prima quando a cotação estava mais baixa. Nolasco conta que, embora não seja a intenção inicial, o dono da usina tem a opção de vender o milho.
Outra hipótese é destilar e armazenar o etanol, até para conseguir os outros subprodutos do milho. Ainda que a demanda pelo combustível esteja fraca, a procura pelo grão seco desidratado continua alta. O produto é usado na alimentação de animais. Cada tonelada de milho processado produz 420 litros de etanol e 320 quilos de grão seco desidratado, e mais 19 litros de óleo.
Nolasco explica que a queda no consumo neste momento vai levar as usinas a fazer o “dever de casa”. Além do cortar custos, o desafio do setor é ampliar a capacidade de armazenamento. É um diferencial estratégico no mercado que sofre influência da safra de milho e das variações na cotação do petróleo, preços muito voláteis.